O que fazer em Coimbra em dois dias: pontos turísticos e outras dicas

Coimbra foi a minha casa durante dois anos, tempo em que estudei em uma das universidades mais antigas do mundo. Por isso, acumulei uma longa lista de dicas sobre o que fazer em Coimbra, que fica bem no centro de Portugal e rende, no mínimo, um bate e volta do Porto ou de Lisboa.

Durante o for período letivo (de setembro a dezembro e março a junho), vale a pena passar pelo menos uma noite por lá para ver as coisas com mais calma e também aproveitar a movimentação de estudantes vestidos com suas tradicionais capas pretas de Harry Potter nos bares e festas espalhados pela cidade.

Coimbra também é uma excelente base para explorar o centro de Portugal. Como essa é uma das maiores cidades da região, há mais oferta de trens e ônibus (autocarros, para os portugueses), além das estradas principais e secundárias que passam por aqui. Ao redor da cidade ficam Figueira da Foz, Aveiro, Conímbriga, Tomar, Fátima, Nazaré e Serra da Estrela.

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O que fazer em Coimbra: os principais pontos turísticos

Coimbra é uma cidade com ares medievais. Foi a primeira capital de Portugal, logo que o reino foi unificado, de 1139 a 1255, até que o então rei, Dom Afonso III, decidiu que preferia Lisboa. É conhecida no mundo inteiro por ser uma das primeiras universidades europeias, fundada em 1290 pelo Rei D. Dinis – na verdade, nessa época a universidade alternava entre Lisboa e Coimbra. Foi somente em 1537 que D. João III fixou a escola na cidade.  E, no passado distante, a cidade, que fica numa colina às margens do rio Mondego, foi habitada por romanos, que a chamavam de Aeminium.

  • Visitar a Universidade de Coimbra

A maioria dos prédios da Universidade de Coimbra (principalmente os mais antigos) fica na parte da cidade conhecida como Alta. Como o nome diz, é o alto do morro onde, no passado longínquo da ocupação dos Mouros (711 a 1130), ficava a cidade fortificada, onde a aristocracia vivia. Foi nessa época que começou a construção do atual Paço das Escolas, que depois da criação do Reino Portugal tornou-se o Paço Real, casa dos primeiros reis de Portugal.

6 curiosidades sobre a Universidade de Coimbra

O passeio pelo Paço das Escolas é pago para não-estudantes. A visita inclui acesso à Biblioteca Joanina (uma das bibliotecas mais bonitas do mundo), Capela de São Miguel, Sala dos Capelos, Sala do Exame Privado e Sala das Armas. Para informações sobre os valores do bilhetes, consulte o site oficial. 

Além da visita ao Paço das Escolas, também dá para incluir nos bilhetes (ou comprado à parte) a visita ao Colégio de Jesus e Laboratório Chimico, onde funciona o interativo Museu de Ciências, que integra as antigas Galerias de Física Experimental e de História Natural.

Dica esperta: Você pode simplesmente entrar e visitar os outros prédios da Universidade. Destaco o Colégio de S. Jerônimo, onde funciona a reitoria e o Colégio de Santo Agostinho, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação.

No total são 21 prédios na Alta e dez edifícios na Sofia (nome dado em homenagem à Rua da Sofia, que fica na Baixa). São construções que remetem não só ao período medieval, mas também da Reforma Pombalina do século 18 e o Estado Novo, já na década de 1940.

  • Museu Nacional Machado de Castro

Posso dizer sem exagero que o Museu Machado de Castro em Coimbra é um dos melhores museus em Portugal. O museu trás diversas peças histórias grandiosas, como um altar do século 15 inteiro e esculturas dos 12 apóstolos em tamanho real. Mas a grande joia, na minha opinião, está no subsolo, onde ficam ruínas bem conservadas da antiga cidade romana.

A visita começa no criptopórtico, o local onde ficava o Fórum de Aeminium. Depois, os andares seguintes tem uma  enorme coleção de arte que conta a história da cidade. A visita ao museu custa 6 euros, ou só 3 euros pelo Criptopórtico. Veja horários e descontos no site do museu.

Dica de local: Mesmo que você não queira ir ver o acervo do museu, vale muito a pena dar uma passadinha no café, de onde se tem uma excelente vista de Coimbra!

  • Sé Velha

A antiga catedral de Coimbra foi construída no século 12, financiada pelo primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques. A construção é imponente, em arquitetura romanesca. A entrada custa 2 euros. O claustro (uma espécie de jardim) é especialmente bonito e vale a entrada mesmo que você não curta visitar igrejas.

Claustro da Sé Velha. Crédito: Benny Marty – Shutterstock

O local onde fica a igreja, o Largo da Sé Velha, é circundado pelos bares universitários mais famosos de Coimbra, o Cabido e o Bigorna. Se você passar por ali numa noite durante a semana, vai ver a rua tomada por estudantes por todos os lados.

  • Sé Nova

Se existe uma Sé Velha, é porque a versão mais nova já foi construída: a Sé Nova foi a catedral construída pelos Jesuítas no final do século 16, com arquitetura renascentista e barroca. A entrada custa 2 euros.

  • Alta Medieval

Além da Universidade, a região da Alta também tem outras construções interessantes históricas. A entrada para esse labirinto de ruelas e morros de tirar o fôlego é o Arco de Almedina, um portão fortificado construído pelos Mouros. Logo que você passar o arco, vai encontrar as escadas da Rua do Quebra Costas.
Arco da Almedina. Crédito: Anton_Ivanov – Shutterstock

Essa é uma região cheia de lojas e bares interessantes. Por ali também fica o Palácio Sub-Ripas, ou Torre da Contenta, um antiga torre militar que era integrada à muralha da cidade, com um casario anexo. Na mesma rua fica a Torre de Anto, que também era integrada à muralha durante o período medieval.

  • Jardim Botânico

Qualquer pessoa logo repara nos grandes arcos que ficam ao lado da Universidade. Eles são uma construção do século 16, o antigo Aqueduto de São Sebastião, hoje mais conhecido como Arcos do Jardim.

À sombra desses arcos fica o Jardim Botânico fundado pelo Marquês de Pombal. É um jardim enorme, com muitas plantas, estufas, fontes. É um passeio muito bonito em dias de sol. Lá dentro também fica o Sky Garden Adventure, onde dá para fazer atividades como arvorismo, slides e salto em queda livre. Há uma linha de ônibus que circula dentro do Jardim, levando as pessoas da região do Rio Mondego até a Universidade. Também é possível fazer esse caminho a pé, desde 2017.

  • Praça da República e Escadas Monumentais

Crédito: Jonathan Mitchell Images – Shutterstock

A Praça da República não é exatamente um ponto turístico. É mais um ponto de encontro. Ao redor da enorme praça ficam alguns dos bares e restaurantes mais movimentados da cidade. É ali que as pessoas se encontram para partir para outros cantos toda a noite. Lá estão os lindos Jardins da Sereia, o Teatro Gil Vicente e a Associação Acadêmica de Coimbra.

Onde comer bem em Coimbra

Jardim da Sereia. Crédito: KamilloK – Shutterstock

Subindo uma rua a partir da praça você chega nas imponentes Escadas Monumentais. Cartão-postal de Coimbra, vale a pena gastar parte da sua energia subindo os 125 degraus até a Praça Dom Dinis, o início da área da Universidade.

  • Mosteiro de Santa Cruz e a Baixa Medieval

Crédito: RossHelen – Shutterstock

O Mosteiro de Santa Cruz chama atenção, logo na entrada das ruas da Baixa, com ruelas que dividem espaço entre prédios históricos, lojas, cafés e restaurantes. O mosteiro foi fundado por padres da ordem de Santo Agostinho, em 1131, mas o prédio como vemos hoje foi obra de uma reforma financiada por D. Manuel I, no século 16. O mosteiro era parte de uma ordem religiosa importante e poderosa em Coimbra. É lá que fica o túmulo de D. Afonso Henriques, o primeiro rei do país. O claustro do mosteiro também é lindo e a entrada é gratuita.

Crédito: Alena Zharava – Shutterstock

Nessa região da Baixa é um bom lugar para entrar numa das dezenas de pastelarias que ficam por ali para comer os tradicionais Doces Conventuais de Coimbra, que são feitos com muito açúcar e ovos.

  • Parque Manuel Braga e Parque Verde do Mondego

Depois da Baixa, chegamos no Rio Mondego. Nas duas margens existem parques, onde você encontra o pessoal correndo e fazendo piquenique. Do lado leste, onde fica a cidade velha, fica o Parque Dr. Manuel Braga. Do outro lado fica o Parque Verde do Mondego, com piscinas naturais no Rio, áreas para crianças e para shows. Para cruzar de um lado para o outro os pedestres podem usar a bela Ponte Pedro e Inês.

Crédito: 60 frames – Shutterstock

  • Convento de Santa Clara-a-Velha

Começando a falar das atrações do outro lado do rio, Santa Clara-a-Velha, é, na minha opinião, a atração mais interessante. Ali ficam as ruínas do antigo convento gótico, fundado em 1330 pela Rainha Santa Isabel, esposa de Dom Dinis.

O local é grandioso e por muito tempo esteve inundado e abandonado. Num museu adjacente você fica sabendo a história do local e como as freiras viviam naquela época. A entrada custa 5 euros. Mais informações no site oficial. 

  • Convento de Santa Clara-a-Nova

Com as constantes inundações no convento original, no século 17 foi construído um novo convento para abrigar o túmulo da Rainha Santa Isabel. Durante a visita guiada, você vai ver a Igreja e os fundos, onde fica o antigo túmulo da Rainha-Santa, além do claustro do convento.

  • Portugal dos Pequenitos

Sabe o Mini-Mundo, em Gramado? A Portugal dos Pequenitos também traz miniaturas de monumentos importantes. A diferença está na escala de tais miniaturas, que são grandes o suficiente para uma criança entrar.

É, sem dúvida, mais interessante para famílias, mas as mini-réplicas de pontos turísticos portugueses são muito bem feitas para atrair adultos também. Custa 8,95 euros. Mais informações no site oficial. 

  • Quinta das Lágrimas

Não sei se vocês estão familiarizados com a história de Dona Inês de Castro, mas para resumir bem: ela era o amor da vida do futuro Rei de Portugal, Pedro. Porém, era sua amante, dama de companhia da esposa oficial. Ela acabou sendo assassinada a mando do pai dele, o Rei D. Afonso IV. Diz a lenda que o local do assassinato foram esses jardins, a Quinta das Lágrimas, que hoje ficam dentro de um hotel de luxo. A entrada para os jardins custa 2 euros.

Onde ficar em Coimbra

Tenho um post inteirinho explicando quais são as melhores regiões para se hospedar em Coimbra e ainda outro explicando como alugar um apartamento na cidade, para quem vai como estudante. Além dessas dicas preciosas, há alguns hotéis e hostels que já experimentamos:

O Hotel Botânico é um hotel pequeno e confortável, com excelente café da manhã. Fica próximo à rua do Brasil e ao Jardim Botânico. Me hospedei ali com a minha família e adorei a experiência. Já a família do meu namorado ficou na beira do Rio Mondego, no Hotel Ibis, tradicional da rede, com bons preços.

Ainda na baixa, uma boa indicação é o hotel Oslo, que uma amiga ficou. Do terraço do hotel há uma vista incrível da cidade, vale a pena conferir.  Por fim, que gosta de ficar perto do burburinho ou quer uma opção mais econômica pode buscar pelo NS Hostel e Suites, que fica na Praça da República e tem quartos coletivos e privados.

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Luiza Antunes

Luiza Antunes é jornalista e escritora de viagens. É autora de mais de 800 artigos e reportagens sobre Viagem e Turismo. Estudou sobre Turismo Sustentável num Mestrado em Inovação Social em Portugal Atualmente mora na Inglaterra, quando não está viajando. Já teve casa nos Estados Unidos, Índia, Portugal e Alemanha, e já visitou mais de 50 países pelo mundo afora. Siga minhas viagens em @afluiza no Instagram.

Ver Comentários

  • Oi, morei em Coimbra por 6 meses e quero muito voltar, muito fixe esse post e digo que também é legal descer o rio Mondego de remo, ir à praia flúvial, e em Julho Coimbra entra em festa com o festival da padroeira da cidade, fica tudo lindo, e também é legal ir ao Fórum, lá além de ter Primark, Sprigifield, Lefties tem restaurantes brasileiros (que são ok) e uma linda vista para a alta.
    Também se quiser matar um pouco da saudade culinária perto da loja do cidadão tem uma pastelaria que vende pastel brasileiro, ou de vento como eles chamam.

    • Oi Gyuri,

      Eu já vi um pessoal fazendo caique no Rio Mondego, mas agora com o inverno chegando, essas atividades pararam. Quero ver no verão como será! Deve render outro post!

      Obrigada pela dica, quem sabe nessa pastelaria eu não encontro pão de queijo também. Você lembra o nome?

      • Encontra sim!
        O Nome é Pastelaria Belo Horizonte, fica perto da Loja do Cidadão, em uma rua pequena com quase nenhum movimento, o nome da rua é Pedro Olaio, os donos são brasileiros

  • Luiza, adorei o texto! (como todos dos 360 meridianos)
    Uma dúvida: os alunos usam o traje todos os dias? Ou só em formaturas e eventos?

    Abraços! :)

    • Oi Isabela,

      Alguns alunos usam os trajes no dia a dia, para ir as aulas mesmo. Outros, só em eventos. Por fim, tem os que nem tem o traje. Mas sim, qualquer período letivo que você vier a Coimbra vai ver o pessoal vestido com essas roupas!

      abraço

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Luiza Antunes

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