Rishikesh, a cidade onde o Ganges corre limpo

Ouvi muitos conselhos e pedidos da minha família e amigos antes de sair do Brasil. “Beba água mineral”, “não coma nada da rua”, “não saia sozinha”, “cuidado com as roupas que você vai usar”. De todos eles, talvez o mais incisivo foi o “por favor, não entre no Ganges”.

Não precisa dizer que, com menos de uma semana eu já usava água da torneira para escovar os dentes, almoçava no podrão perto da empresa e ia ao mercado sozinha. Quando fui a Goa, abusei de shorts e vestidos e, em Rishikesh, eu entrei no Ganges.

É verdade que, da primeira vez, foi o frio de 8ºC (que para qualquer brasileiro equivale ao inverno polar), e não a fama do rio, que me fez só molhar minhas mãos nas águas sagradas, ainda que eu soubesse da possibilidade de congelar meus dedos. Pessoas menos tropicais arriscaram um rafting e uma pneumonia.

Quando voltei lá no verão, por outro lado, me joguei nas águas geladinhas do rio.

Leia também: O dia em que eu fiz rafting no Ganges

O rio Ganges não é completamente sujo

É claro que meus padrões de higiene ainda não desapareceram completamente depois de quase três meses vivendo por aqui. O Ganges que passa por Rishikesh vem direto das montanhas e em nada se parece com o rio cheio de corpos que atravessa Varanasi. É limpo e gelado, mas continua sendo sagrado.

Mas praticar esportes radicais perto da nascente de um dos rios mais poluídos do mundo não é a única coisa legal em Rishikesh. Você provavelmente tem um amigo que adora yoga, não come carne, prega um estilo de vida desapegado, busca a elevação espiritual e tem a Índia como destino dos sonhos. Quando eu cheguei aqui, fiquei me perguntando onde essas pessoas conseguiam ver tanta elevação e espiritualidade no meio do caos. Pois é, este lugar é Rishikesh.

Cerimônia hindu às margens do Ganges

Além das costumeiras vacas, a paisagem divide espaço com macacos sagrados, estátuas gigantes de deuses Hindus, monges, templos e aulas de yoga. Rishikesh é, aliás, a capital mundial da atividade, título que atrai a maior parte dos turistas que passam por lá. Se você é um destes turistas, pode ser que também curta uma massagem ou participar de uma sessão de meditação. Tudo o que tem a ver com a espiritualidade indiana você acha em Rishikesh.

Para viver a experiência por completo, muitas pessoas escolhem fazer como os Beatles  e ficar em um Ashram. Além de ser uma hospedagem barata, os Ashrams oferecem uma espécie de retiro espiritual com os ensinamentos dos gurus. Cada Ashram tem suas próprias regras e apenas alguns aceitam turistas estrangeiros. Muitos deles também estabelecem toque de recolher, mas isso não chega a ser um problema pois você não ia encontrar muita coisa para fazer à noite pela cidade. Em Rishikesh, a venda de bebidas alcóolicas é proibida e impera a culinária vegetariana.

Também é preciso reservar seu lugar no Ashram com certa antecedência, já que eles são a opção número um de excursões internacionais. Como nossa viagem foi planejada em menos de uma semana, ficamos em uma pousada mesmo.

Dicas de viagem para Rishikesh

Como chegar

Para chegar em Rishikesh, só mesmo de carro ou ônibus. A cidade não possui linhas de trem. Algumas cidades possuem ônibus direto, como Delhi, Jaipur, Agra e Pushcar. Também é possível pegar um trem até Haridwar e de lá terminar o percurso de taxi.

Esse Ashram aqui aceita turistas estrangeiros e é bem recomendado, mas você pode pesquisar e escolher um que mais se adapte aos seus objetivos.

Quantos dias ficar

Para conhecer a cidade com calma, bastam 2 dias. Se você quiser fazer um retiro pode ser que queira ficar mais.

Quanto gastar

Com cerca de 1000 Rs por dia (equivalente a mais ou menos R$35) dá para arrumar uma estadia confortável, mas sem luxo, e comer bem.

Onde ficar

Quem tem interesse em ficar num ashram precisa reservar com bastante antecedência e também ficar atento a todas as regras do local. Para quem prefere um hotel, a cidade é pequena, mas tem várias opções. Nós ficamos no Bhandari Swiss Cottage e no New Bhandari Swiss Cottage. Veja esses e outros hotéis em Riskikesh aqui.

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Natália Becattini

Sou jornalista, escritora e nômade. Viajo o mundo contando histórias e provando cervejas locais desde 2010. Além do 360meridianos, também falo de viagens na newsletter Migraciones, no Youtube e em inglês no Yes, Summer!. Vem trocar uma ideia comigo no Instagram. Você encontra tudo isso e mais um pouco no meu Site Oficial.

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