Desde que desembarquei na Índia descobri que o mundo é dividido entre dois grupos de pessoas. Há aqueles que, ao descobrirem o exótico país onde moro atualmente, soltam um “você é louco”, rapidamente emendado com um “não iria nem morto”, como que com medo de um convite para me visitar.
Os do segundo grupo, mais aventureiros (membros do primeiro grupo chamariam isso simplesmente de falta de bom senso) costumam querer detalhes, informações, tudo o que for necessário saber para visitar a Índia também. Este post foi pensado para as pessoas do segundo grupo. É hora do passo a passo: como planejar sua viagem para a Índia.
Como chegar
A rota tradicional passa pela Europa e de lá é feita a conexão até Nova Delhi. A British Airways faz o percurso e pode ser a melhor alternativa (pelo menos o voo Londres – Índia costuma ser barato, muito embora o trecho Brasil – Londres não tenha fama de econômico), a não ser que você viaje durante a alta temporada na Europa. Air France e Emirates Airways também fazem o trecho.
Visto
Brasileiros precisam de visto para entrar na Índia. O visto para turismo custa R$ 145,00 e vale por seis meses. Pode ser solicitado diretamente na embaixada da Índia, em Brasília, ou nos consulados, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Mais informações no site da embaixada, ou pelo telefone (61) 3248 4006.
Mais: Como tirar o visto da Índia
Vacina
A única vacina obrigatória é contra febre amarela. É preciso ser vacinado no mínimo 10 dias antes de embarcar e isso pode ser feito gratuitamente em qualquer posto de saúde. Mas atenção! Aquele cartão fornecido pelo posto não serve. É preciso levar o documento até um escritório da Anvisa, que vai fornecer a Carteira de Vacinação Internacional. Uma dica interessante é manter esse documento na última página do passaporte.
Outras vacinas são aconselháveis, embora não obrigatórias. Tétano, raiva, paralisia infantil e hepatite A são algumas delas. Paralisia infantil? Sim, pode ser que alguém te aconselhe a tomar uma dose de reforço e você entre na fila do Zé Gotinha, junto com todos os seus amiguinhos de 5 anos de idade. Acredite, aconteceu comigo.
Mais: Quais vacinas tomar antes de viajar para a Índia?
Idioma
Mais de 20 idiomas são reconhecidos oficialmente, além de incontáveis dialetos. O hindi é uma espécie de língua comum, mas tem quem fale urdu, bengali, kashmiri, punjabi, kannada, gujarati, telugu e até… português. Goa, um pequeno estado indiano famoso por suas praias, fazia parte de Portugal há poucas décadas.
Mas e inglês, não rola? Claro que sim. Nas grandes cidades e lugares turísticos a comunicação é fácil. Mas não se iluda: muita gente não domina o idioma dos colonizadores. Nessas horas a saída é usar todos os seus conhecimentos de Imagem & Ação – só a mímica te salvará.
Fuso Horário
A Índia está 8h30 adiantada em relação ao horário oficial do Brasil. Ou seja, quando em Brasília for 19h, em Delhi os relógios marcarão 3h30 da madrugada. Durante o horário de verão brasileiro a diferença diminui: apenas 7h30. Pouca coisa.
Telefone e internet
O código de telefonia internacional (o tal do DDI) é +91. Ligações da Índia para o Brasil são muito baratas (pelas taxas das empresas locais, óbvio). A ligação para um telefone fixo custa cerca de 10 rúpias por minuto, ou seja, R$ 0,35. É possível encontrar internet Wi-Fi em hotéis e restaurantes.
Moeda
A moeda nacional é a Rúpia indiana, em circulação desde o século 16. Cada Rúpia vale R$ 0.034, o que significa que com 1 Real é possível comprar 28 Rúpias. Vale dizer também que tudo na Índia é muito barato. É possível pagar R$ 15,00 para ficar num quarto duplo em um hotel 3 estrelas. Quem não tiver frescura faz negócios ainda melhores: Em Rishikesh, tradicional destino turístico, paguei R$ 2,50 pela hospedagem simples (quarto, cama, roupa de cama, banheiro e nada mais). Uma longa corrida de tuk-tuk – o triciclo usado como táxi em boa parte da Ásia – pode sair por menos de R$ 3; e um combo do McDonalds’s por R$ 4.
Atenção: a regra na Índia é pechinchar. Todos esperam que você faça isso – é quase um esporte nacional, mais importante do que o críquete. Nunca, mas nunca mesmo, aceite o primeiro preço por um produto ou serviço. Em regra vale a estratégia da metade: o cara pediu 500 rúpias por aquele elefante de madeira fantástico? Pode saber que vale 250 Rs. E se você tiver muita cara de turistão (câmera pendurada no pescoço e camisa I s2 Taj Mahal) o calote pode ser maior. Já vi vendedor pedir 2000 rúpias por um produto e, 5 minutos depois, fechar a venda em 200 Rs. E feliz da vida.
Veja também: Guia para pechinchar e fazer compras na Índia
Roteiro básico pela Índia
O ponto obrigatório é o Taj Mahal. O resto – simplesmente dezenas de lugares – vai ser encaixado aos poucos. Assim como o tradicional roteiro Rio, São Paulo, Salvador e Foz do Iguaçu não representa todo o Brasil, você certamente não vai conseguir esgotar a Índia em 20 e poucos dias. A ideia é ver pelo menos o básico. Um bom exemplo de roteiro para Índia é:
Delhi (a capital e porta de entrada).
Agra (a cidade do Taj Mahal).
Jaipur (a cidade rosa, no Rajastão).
Jaisalmer (a cidade dourada, também no Rajastão).
Varanasi (uma das cidades mais sagradas e onde rolam as cerimônias no Rio Ganges).
Khajuraho (a cidade dos templos do Kama Sutra).
Rishikesh (conhecida como a capital mundial do Yoga).
McLeod Ganj (aos pés do Himalaia, é a cidade onde vive o Dalai Lama e os tibetanos no exílio).
Amritsar (onde fica o Golden Temple, sagrado para os Shiks).
Todas as cidades sugeridas estão no norte. Quem tiver mais tempo pode tentar outros lugares mais distantes, como Mumbai e Goa, por exemplo.
Dois dias em cada cidade bastam (três nas maiores), mas leve em consideração o tempo de deslocamento, que é enorme. Na Índia você vai gastar 7, 8 horas para percorrer 200 quilômetros. Então não faça um roteiro apertado demais, caso contrário vai ser impossível tirar tudo do papel. Temos um post inteiro sobre como montar um roteiro de viagem pela Índia.
Para quem for fazer só o Triângulo Dourado (Nova Délhi, Jaipur e Agra), uma boa dica é ver também a lista que fizemos com alguns hotéis nessas três cidades.
Transporte
Se possível evite viajar de ônibus. É que as estradas são ruins, o trânsito caótico e os motoristas dirigem muito, muito lentamente. E ainda bem, já que o trânsito da Índia, segundo a Organização Mundial de Saúde, é o que mais mata no mundo, e isso mesmo com a velocidade média de 50 km nas estradas.
Uma alternativa ao transporte rodoviário é o ferroviário, que conta com uma rede de mais de 60 mil quilômetros. Existem diferentes tipos de tickets (você certamente não vai querer o mais barato) e o seu conforto depende de quanto você está disposto a pagar (mesmo a opção mais cara é barata para padrões brasileiros). As passagens podem ser compradas pela internet. Para quem preferir viajar de avião a boa notícia é que existem muitas empresas low-cost na Ásia, então basta pesquisar um pouquinho para achar verdadeiras pechinchas. Air India, Kingfisher, IndiGo e Spicejet são algumas das empresas que voam no país.
Mais: Como viajar de trem pela Índia
Clima e monções
Não tem essa de na Índia faz calor o ano inteiro – isso depende da região que você pretende visitar. Durante o inverno (dezembro a fevereiro) muitas cidades do norte experimentam um frio que nenhum europeu colocaria defeito. Há lugares onde chega a nevar, e sim, existe até estação de esqui na Índia. De março a maio é a época do calor, principalmente no sul. As temidas monções acontecem de junho a setembro.
Mais: Guia de monções asiáticas
Qual é a melhor época para viajar para a Índia?
Tudo anotado, é só planejar e começar a viagem. E lembre-se que nada vai te preparar para o que a Índia tem de melhor (e pior) a oferecer: um gigante choque cultural. Por isso, por mais que você se planeje, saiba que é impossível não passar por vários perrengues enquanto estiver por lá. Durante os seis meses que vivemos no país, nós enfrentamos vários! Boa viagem.
Olá Rafael.
Parabéns pelas excelentes informações sobre o pais das cores.
Obrigada
Eu que agradeço o comentário.
Abraço
Excelente artigo Rafael.
India está no meu bucket list á muito tempo
Vale muito a pena!
Abraço.
Olá
Pretendo ir a Índia em Março 2020 … Qual a este está ao nesse mês! Frioo /calor ??
Abraço
Obrigada
Oi, Pollyana. Dá uma olhada nesse texto: https://www.360meridianos.com/dica/melhor-epoca-para-ir-india
Olá. Tudo bem? Vocês acham que é melhor visitar a Índia com esses pacotes customizados de agência ou por conta própria? Seria nossa primeira vez no país e não somos viajantes inciantes (estamos viajando o mundo há 7 meses e já passamos por países como Marrocos e Egito). Obrigado!
Oi, Paulo.
Uai, nesse caso não acho que tenha necessidade de pacote não. Podem até optar por um, se quiserem o conforto de não tomar as decisões, a convivência com o grupo, etc. Mas me parece que vocês são viajantes mais que experientes e que tirariam a Índia de letra por conta própria, se assim quiserem.
Abraço.
Oi quero sabe se a gente pega só um avião de São Paulo para a Índia
Oi, Aucilene. Não existem voos diretos. Tem escala, seja na Europa, seja na África, seja no Oriente Médio.
ola td bem??
gostaria de saber se voce tem alguma indicação de cursos de yoga pode ser em qualquer cidade mas rishikesh é a mais conhecida e tradicional
tudo que acho é muito caro
Oi, Renato.
Infelizmente não sei dar dicas nesse sentido. 🙁
Abraço e boa sorte.
oi Renato,
Não temos indicação
Bom dia.
Saberia me informar se a viagem para Maharashtra é barata tbm?
Mesmo padrão de preço do resto da Índia, Sara. Você pretende ir para Mumbai?
Abraço.
Oi, Rafael!
To indo pra Índia na próxima semana, vou ficar em Rishikesh por dois meses.
Você acha que vale a pena eu fazer o cartao visa travel money?
A ideia principal e ter o dinheiro no cartão e ir sacar algumas quantidades ao longo da viagem.
Mas ainda não descobri se tem caixa eletrônico em Rishikesh.
E tb é bacana saber se os lugares costumam aceitar, além do cartão de crédito.
Obrigada!
Deve ter sim, Cecília. É uma cidade com muitos turistas!
Abraço.
Olá….Estou planejando ir a Índia em outubro ou novembro/2018, este país está em meu imaginário há muito tempo e por isso tenho receio de não fazer a coisa certa!! Tenho uma lista de lugares que não poderei deixar de ver nesta viagem: Varanasi, Amristsar, Khajuharo, Udaipur,Jaipur, Jaisalmer e obviamente Agra, Delhi. A dúvida é fazer “caber” tudo isso em 20 ou 25 dias e ainda conseguir alguém para ir comigo….rsrsrs Estou maratonando os post’s de vcs sobre a Índia….amando tudo e cada dia mais com a certeza que quero conhecer este país!! Obrigado pela ajuda ….até mais!!
Ola isabel…Meu nome e Leonilda Almeida Pereira,eu tambem estou planejando ir pra india no meio do ano se eu conseguir o visto,tambem gostaria de encontrar alguem pra ir comigo,so que eu vou para punjab onde mora meu namorado,se voce quizer entrar em contato comigo pra nos conversar porfavor meu whtsapp 35 98882 6209 abraço…
Poderia atualizar o post na questão de como chegar de avião (BRASIL – ÍNDIA)
A melhor rota (mais rápida e mais barata) é pela “Ethiopian Airlines” !!!
[GRU – DEL] Ida/Volta (857 USD)
São Paulo [GRU] (Brasil) – Addis Abeba [ADD] (Etiópia) – Delhi [DEL] (Índia)
Sai do Brasil, troca de aeronave na Etiópia e segue para Índia.
Ida/Volta São Paulo-Mumbai fica 600 BRL mais caro.
Então o ideal é explorar a Índia e ao final da sua jornada pegar um voo low-cost (IndiGo, Air India, SpiceJet e etc) de volta pra Delhi.
Isso deve variar muito de acordo com a época, né, Sawl. Mas vou incluir a sua informação. 🙂
Obrigado pela dica.
Abraço.
Cara, ultimamente acredito que não, é realidade/preço normal/atual !!!
Eles te levam para “Thailand/Bangkok – (BKK)” pelo mesmo preço da “Índia/Delhi – (DEL)”
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(Pé de ‘pobre’ não tem número)
Conhecer o incrível Cambodia (Sudeste Asiático) é através de “Thailand/Bangkok”.